Espaço Armazém
Fundição Progresso
Nem sei mais quando tudo começou é um espetáculo inspirado nos filmes Amores Brutos, 21 Gramas e Babel, trilogia dos mexicanos Alejandro González Iñárritu e Guillermo Arriaga (diretor e roteirista, respectivamente). Na peça, a ação se passa no Brasil envolvendo 19 personagens de classes sociais distintas cujas histórias se cruzam, se invadem e se alteram mutuamente. A idéia de que uma pequena variação nas condições em determinado ponto de um sistema dinâmico possa ter conseqüências de proporções inimagináveis, é o princípio sobre o qual se baseia a teoria do caos: “O bater de asas de uma borboleta em Tóquio pode provocar um furacão em Nova Iorque”. De acordo com essa teoria, a ação da peça se desenvolve: mudanças drásticas nas vidas das personagens são motivadas por aquilo que chamamos de acaso, acidente, desvio, supérfluo. Alguém dispara uma arma de fogo, por brincadeira, e isso altera radicalmente a vida da vítima daquele disparo anônimo, daquela bala perdida. Alguém faz uma curva com um pouco mais de velocidade e mata um pai e duas meninas; mas a morte desse homem salva a vida de outro que esperava por um transplante. Duas pessoas brigam com uma faca e ferem uma testemunha, que nada tinha a ver com o motivo da discussão. É assim que se constrói a ação dessa peça, numa rede complicada de ações e reações, onde impera o caos. Se olhássemos para esse emaranhado de conexões e tentássemos descobrir onde tudo começou, provavelmente fracassaríamos. E vale a pena essa investigação da origem dos fatos ou devemos nos ater à tentativa de organizar e controlar o que parece caótico, sem sentido e com vida própria?
O texto foi gerado a partir de improvisações dos atores formandos da turma T da Cal, dirigidos por Marcelo Mello. Essa é a quarta montagem dirigida por Marcelo, que vem também se responsabilizando pela dramaturgia – o que dá ao espetáculo e à direção um caráter mais autoral e experimental. Nem sei mais quando tudo começou é uma peça plural – tanto na criação da dramaturgia quanto na mistura de linguagens –comprovada pelo figurino, cenografia e música do espetáculo que trabalham com uma multiplicidade de referências numa verdadeira Babel onde não há possibilidade de uma única apreensão e compreensão dos fatos.
Marcelo Mello
Marcos Nauer
Felipe Storino
Duda Maia
Desirée Bastos
Wilson Reiz
Adam Portugal
Amanda Anastácia
André Locatelli
Arley Veloso
Beatriz Winicki
Carol Maneira
Gabriel Belino
Izabella Guedes
Jade Petruccelli
Keylanne Freitas
Leandro Almeida
Leandro Almeida
Lian Tai
Luís Renato Oliveira
Luiz Olyntho
Marina Mota
Nathasha Melman
Raphaela Barbosa
Renata Ravani
Sérgio Kauffmann